14.10.08

 
Discurso de um qualquer Zé-ninguém

Peço desculpa por importunar mentes tão ocupadas e esclarecidas. Desculpem-me o facto de não acreditar mais nesta democracia que nos tentam vender como cartilha única, mais agora que as finanças fictícias e globais desmoronam. Desculpem-me esta travessa travessia nas vossas ocupações tão vastas e envolventes como as de quem trata dos destinos das populações. Perdoem-me ser solitário. Perdoem-me também a falta de crença. Sempre pensei que alguém em silêncio seria melhor para um colectivo que todo o barulho possível de fazer. Mas por vezes não o é. Acredito portanto em homens bons a caminho de nenhures em nome da vida. Fazendo o universal ter sentido sem pensar sequer nisso. Obreiros verdadeiros dum mundo melhor sonhado. Simplesmente. Historicamente comprovado. Sem medalha, mérito atribuído ou circunstância social ou paroquial. Essa a história das civilizações em tempo de paz. Por isso somos então os verdadeiros heróis dos tempos tranquilos. E sempre na senda do silêncio, louvável tarefa. Mas, confesso, fazem falta as turbulências dos barulhentos, sinfonia de desacordos, mestria de desavenças, contraditórios activos, batatada de segundas e mais opiniões, sublevações de aflitos, algazarras dos já bastante fodidos. Isso mesmo, assim mesmo. Para depois podermos querer a lei e a ordem de novo. Houve tempos idos em que me bastava no que encontrava. Recordo-me. Agora tenho filhos. Imaginem!

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