21.10.06

 
REDUNDÂNCIAS

Hoje é sábado e tal facto serve-me precisamente para nada. Soubessem vocês as coisas que acontecem por vezes numa sexta-feira... Gostaria de falar com a minha mãe mas a senhora tem horror a telemóveis e o silêncio até nem lhe assenta mal. Ainda bem que o tal gajo disse na TV que a crise em Portugal tinha terminado. Ufa! O meu filho, Nuno Alexandre, pelo sim pelo não, disse à sua mãe que ia ter uma noitada prolongada e excepcional e acabou por apanhar o primeiro avião da manhã para Amesterdão. Valente. O pretexto foi visitar a namorada. Bom como qualquer outro. Talvez venha a fazer o mesmo com outro pretexto e me junte a ele. Depois de uma noitada, é claro. Estou tranquilo, até porque lhe expliquei que, considerando os elos diplomáticos e familiares existentes, por via das dúvidas e garante de retorno é sempre bom saber onde fica o consulado português. Também já lhe tinha dado uma bússola. O pranto de sua mãe é que se tornou ácido e pesado demais. Em contrapartida, os vinhos de Estremoz que ingeri nos dias de folga são duma leveza e dum aveludado impressionantes, até na ressaca inexistente. Deus é grande e segundo me consta também conhece bem Amesterdão, para além de ter abençoado os vinhos de Estremoz. Não adianta recordar a mim próprio que há vinte seis invernos não tenho as dezanove primaveras do meu filho. Ama-se desalmadamente com tão poucas primaveras. Não adianta para coisa alguma saber mais tarde que a juventude é um desperdício. Um belo desperdício por sinal. Não adianta ficar velho. Embora se beba mais vinho de Estremoz. Uma coisa é certa, estou bastante mais confiante e reconfortado, depois de ter ouvido o tal gajo dizer na TV que a crise tinha terminado para nós lusitanos. Mas ó mãe, por favor telefona-me antes de eu apanhar o próximo avião... Ufa!

19.10.06

 
Pronto. Agora sim, consegui arrumar a casa a preceito. Novidades só amanhã, que hoje estou de folga e tenho coisas novas para beber. Abençoados novíssimos produtores vinícolas nacionais que tanta alegria me têm proporcionado.

18.10.06

 
Arre! que não consigo alinhar esta coisa a gosto e os links foram parar lá em baixo. Mas agora tenho de ir embora e amanhã há mais para alinhavar... Bem-hajam e paciência pelas próximas horas.

 
SER COMUM
(versão popularucha também adaptável para letra de fado)

O que o tempo nos faz?
O que o tempo nos traz?
Nem eu próprio o saberei e
Já bastante o atravessei.
Mas presumo que pressinto
E pressuponho que sinto,
Que em todo este vaivém
Tenhamos a alma por vezes além
E nunca aqui no seu lugar,
Bem perto, onde a alma deve estar.
Não partindo nem ficando,
Apenas vamos arrastando
A condição do quotidiano e
Enredos em cada novo ano.
E porque a virtude não se exprime
Acumulando-se para ser sublime,
Somos anjos cativos sem asas
Somos prisioneiros em casas,
Com impossíveis trajectórias
Até nos restarem só memórias.
Mas é muito pouco ou nada
Tudo aquilo que nos fada,
Que o destino é sempre alheio
Mais o acaso de permeio,
Deveras muito mais risco
Do que a certeza do petisco.
E embora amar nos compita
Fica-nos somente a vida aflita
Com a certeza que tudo passa
Por muito que fique e se faça.

16.10.06

 
lyrics from Peter Hammill

Betrayed

When I began I was full of altruistic dreams,
believed in princes and princesses, kings and queens -
now I find they're all human inside,
all bitterness and pride,
so why shouldn't I be like that too?
It seems that I've forgotten all I tried so hard to learn;
it seems there's not an ounce of love or trust
anywhere in the world.

Friends - they're all harbouring knives
to embed in your back out of revenge, or spite,
or indifference, or lack of other things to do -
in the end just who's going to be a friend for you
when they kick you in the guts just as your hand holds out the pearl?
It seems that there is nothing left but
hatred and lust in the world.

I don't give a damn anymore - I've only wound up betrayed.
It's all been absolutely worthless -
all the efforts I've made to be gentle and kind
are repaid with contempt,
degraded by sympathy and worthless kindness
and love that isn't meant.
I'm through with joy and company, I've done with pretty words,
betrayed - there's no hiding-place
anywhere in the world.
I've nothing left to fight for except making my passion heard -
I don't believe in anything
anywhere in the world.

15.10.06

 
Explicação de coisas

Terminado o ramadão intelectual a que me tinha submetido, circuncidado o apêndice do nenhures-a-sul que afinal não tinha norte à vista, revistas as minhas convicções pessoais e crendo piamente que o Algarve já é crescido, recomendável e não precisa de mais interlocutores, válidos ou gaguejantes, volto ao lugar que nunca deveria ter abandonado e que é simplesmente dentro de mim. Daqui parto e aqui retorno, invariavelmente. Esta coisa, por ora embrionária, em forma de blog, irá comportar: os meus fatídicos desvios de comportamento, as minhas compulsivas tiradas sarcásticas, a saga da solidão tal como a mesma deve ser - solitária, o desassossego de ter sentido crítico e a invasão da evidência dos malabarismos do mundo que se me depara. Toda a odisseia tem um porto de partida. Partir é urgente, embora talvez fosse mais prioritário enlouquecer apenas. A todos os amigos, conhecidos, leitores, gente que me aquece a alma com centelhas de humanidade, um obrigado e sede pacientes com este vosso escriba em fase de jovial envelhecimento, não precoce mas medido, maturo e consciente. Haja bom senso dentro de nós se o que nos rodeia é de mau gosto.


 
Tirando a miséria ao ser humano, fica muito pouco...

A frase acima ouvi-a radiofonicamente já lá vão vinte cinco anos. Não sei quem é o autor mas as suas palavras têm espelhado o que vou vivendo e sentindo até aos dias de hoje. Tirando a falsa e tirana riqueza pela qual se gladia o homem actual, fica nada, acrescentaria eu.

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