7.11.06

 
Desculpem-me a repetição - e não, não é esclerose! Muito a propósito do "PRÓS E CONTRAS" (informativamente,foi no canal1, para quem, como eu, não liga peva à TV mas de vez em quando tropeça na mesma) de ontem à noite, volto a publicar o que já publicara no SULturas e na INÉDITA, alguns anos atrás (aquando da citação do então plenipotenciário Barroso) e que continua a dizer básica e renovadamente o essencial da nação, embora o funcionalismo público e a sua temática não sejam para aqui chamados... e o sector privado continuar coxo como sempre.

TANGAS

Portugal está de tanga. Este é um dado adquirido. O que mais causa horror é o facto de essa mesma tanga ter sido também importada. Estamos corroídos até ao tutano, sem conseguirmos vislumbrar terapêutica económica ou cirurgia política que nos valha. Por outras palavras, encontramo-nos encalacrados nesta periferia geográfica e reduzidos à nossa insignificância. E a nossa famigerada “ciência de fátima” não nos pode acudir em nada para esta aflição. Somos os pindéricos europeus de sempre, reciclados com a moderna cagança da importação. Nesse domínio fomos brilhantes: temos tudo o que os países ricos e civilizados têm para consumir, excepto o dinheiro para isso mesmo. Aliás, temos até mais centros comerciais, per capita, do que os nossos congéneres europeus. Se, supostamente, alguns países nórdicos já atingiram a “saciedade” de consumo, nós corremos apenas o risco de sufocarmos com a baba da fome desse consumo. E estaremos tão endividados perante a Europa, ao ponto de ficarmos somente com o estatuto de serviçais. É claro que temos sempre, como alternativa, a possibilidade de desenvolver mais a corrupção tão ao nosso género.
No parágrafo atrás utilizei um plural. Mas nós portugueses não somos, infelizmente, um plural. E o sacana do busílis está aí! Esta nossa putativa democracia, tem sido sempre um fado imbróglio para o povo em geral, uma grande farra pimba para os novos ricos, uma sinfonia decadente para os antigos empresários, uma valsa coxa para a classe política e uma fanfarra ébria para a classe média. Como é fácil de constatar, andámos todos a ouvir um hino diferente, tocado, no entanto, sempre da mesma maneira, mas com uma panóplia de instrumentos desafinados e maestros esclerosados. A continuar tudo na mesma, doravante será uma desgarrada!
É certo que a crise, existente em todas as economias mundiais, não é um exclusivo ou uma invenção lusitana, mas bem podíamos ter registado a patente, alegando que antes de eles sonharem com a coisa, já nós tínhamos insónias com o tema. Agora, saberia bem receber os direitos de autor, vindos de todos os lados do mundo.
Porque raio de mentalidade saloia de ostentação se permitiram negócios manhosos que nada trouxeram à saúde da economia do país? Porque carga de água é que até os criativos da treta e as suas ideias foleiras têm de ser importados? Como é que um labrego, com desdém pela terra que é a sua, pode andar de Jeep (último modelo e ar condicionado) a fingir que é agricultor? O que fizeram durante a semana os bimbos que se pavoneiam entupindo as estradas ao Domingo? O que é que fazem durante a semana todos os que entopem as estradas a partir das 3 e meia da tarde? Como é que um país com tão baixo nível de produtividade (quase inactivo portanto) pode entrar em greve geral? Onde é que o raio que os parta de alguns empresários foram buscar a ideia de enriquecer no primeiro ano de actividade? Os tolos dos comerciantes, que põem à venda artigos com 300% de lucro, será que pensam que somos suíços? O que é que eles comem afinal, se com as prestações dos carros e da casa ainda ficam a dever dinheiro? Quem tiver respostas mande-me um e-mail...
Há dias um meu cliente holandês perguntava-me: “Só vejo Mercedes e BMWs de matrícula portuguesa, vocês são ricos?” Ao que tive de responder – “Não, temos apenas excesso de asnos a turbo-diesel!”





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