10.12.06

 
Andando eu em fase de escabichar arquivos, pergaminhos, cadernos amarelecidos e demais teias de escriba, com o intuito ainda pouco claro de compilar o segundo livro - sim que o primeiro já está escarrapachado em produto final para os olhos das eruditas aves de rapina editoriais, não tenho vindo para estes lados ocupar-me das coisas mundanas de um blogador assíduo, para mais que estou aguardando que encaixe no meu sapatinho um PC portátil para os devidos efeitos em horário pós-laboral, que a coisa quotidiana está em fase de balanço de fim-de-ano e caso não tenham dado por isso eu até trabalho. O outro ademais único e peremptório motivo é a preguiça e não se conhece ainda maneira de a contornar, sem ser forçando, o que dá sempre mau resultado e péssima produção. Paralelamente a hibernação também é do meu agrado. Pois do pó, depois de espanado, recolhi coisa antiga que há muito não via e voltei a ter o gosto dos vinte e dois anos pela segunda vez, eu alfacinha então perdido e assarapantado na metrópole. E pronto, aqui vai...

TRAGICOMÉDIA-A-DIA

Duas horas da madrugada
Há um milhão de cabeças a dormirem
Há talvez um milhão de sonhos
Há uma singela cabeça acordada
Há uma cabeça a sonhar palavras (maldito passatempo)
Haverá daqui a quinze minutos
Um milhão e uma cabeças a dormirem
E talvez um milhão e um sonhos

Nove horas da manhã
Há um milhão de cabeças a funcionarem
Há uma cabeça atormentada
Por fazer parte do milhão e um seres
Que quando dormem sonham
E quando acordam funcionam

Duas horas da tarde
Há um milhão de estômagos cheios
Há uma cabeça que não quer descer ao estômago

Nove horas da noite
Há um milhão de dois olhos vendo a telenovela
Há uma cabeça estonteada com dois olhos cheios
Que vomita o dia passado

Previsão:
Tenho a sensação e sei de antemão
Que qualquer dia vindouro
E de qualquer modo imprevisto
Ficará somente o milhão...





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