12.8.07

 
PRATO DO DIA

Hora improvável talvez certa no rigor de ser hora
mas imprevisto condizente na luz do teu olhar
como dois copos já vazios
tempo inconstante no meu querer dizer
coisas impossíveis que balançam outra vez
porque é da sua condição
mas não tenho intenção alguma
sobrando vontade de tudo
e arde o saber feito em sentidos
penúria de certezas
ou meia noite e vinte
e as tuas meias com malhas surreais
afinal pode-se morrer sem alvará
porque nem o táxi há-de parar
na metrópole inquieta e amanhã à vista
e a merda do vodka que já só tem gelo
mais as crianças acordadas com asma
tudo isto sem sentido afinal
porque o semáforo está intermitente
e são salários senhores e vicissitudes
e mais muito mais pois
se me trouxeres o amor barrado em
fatia de pão caseiro
tudo pareceria mais humano
como grão e bacalhau e ingestão
ou anjos que vagueiam e sonhos nús
mãos em aflição como bocas abertas
e o carisma tépido de estar apenas vivo
como o cabrão do cão que não se cala
porque a bem ver a filosofia também não sabe uivar
nas sinfonias de praias sem banhistas
e rochas sem musgo com mexilhões deprimidos
ou lagoas impávidas talvez
porque empreender muito é sempre
errar-se demais também
tal qual nascente de água sem sede
ou sorriso abandonado escorrendo sobre o queixo
pelos cantos da existência é que é bom
e ser redondo de opinião e agudo de convicção
pois que o sexo esteja presente
ou não seja mais notícia pronta a publicar
para sempre é muito tempo
e um rolex não sabe então o que fazer
e tudo pode perder a cotação
pois é certo não sabermos coisa alguma
ou melhor nada mesmo
porque se inventa sempre tão pouco
e tudo o mais é comércio
conforme o café esfria também assim
se vai a cadência constante
ou teia de aranha tecida em vão
que a mosca afinal também pensa
e reconheço portanto grandeza em não querer ser
postas que são as pestanas em oração
como tudo em ordem predisposta e arrumada
posso então tirar os sapatos
que o dia por fim já passou por mim





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