7.2.08

 
NIILISTA COM VENTO MODERADO
Tentemos alinhavar o que se seguirá com lógica e discernimento. Falhados estes não interessa sequer começar coisa alguma. Ponham-se de parte as emoções retardadoras e enevoantes, ponha-se de parte a crueldade das vertentes racionais mais puras, abstenham-se o pragmatismo e a sacana da mania competitiva. Nada faz sentido ao ponto de se querer morrer apaixonadamente por isso mesmo. Nada faz sentido sequer. Meu pai jogava poker, roleta e black-jack. Liberal, libertino, liberativo. Aventureiro da liberdade, coisa difícil e de princípios no seu tempo. Criou-me. Mal ou bem cá estou. Minha mãe não é uma sumidade em nenhum domínio. Velhota linda do caneco, embora me aborreça com a lenga-lenga das peúgas e da loiça por lavar. Mas declama sempre poesia muito sua, guardada numa gaveta da sua alma. Ainda agora me atura. As pessoas são simplesmente símbolos que não sabem o que significam. Socialmente? Deixem-me gargalhar. Únicos porque irrepetíveis. Não fundamento na matemática nem na biologia. Simplesmente réstea de filosofia de pacotilha, sem fancaria mas com vinho tinto. Tive um professor apelidado de fascista. Tive uma professora apelidada de progressista. Já morreram. Não sei o que as pedras tumulares ditam do assunto da sua vida.Tenho um computador portátil que me fode com actualizações de modo a que eu pare repetidamente todo o processo criativo. Eu não me chateio mas incomoda. Será que a Microsoft tropeça na balbúrdia da criatividade com fins inquisitoriais? Este vinho tinto é óptimo. À antiga com p de palato. Acordam-se estas coisas linguísticas à revelia dos mais emprenhados utentes da mesma língua, e até eu com tantas réguadas da professora primária não sou chamado para opinar o facto. Diria que está mal mas não discuto mais. Siga sem o p. P de problema é o vinho estar a acabar. Aceleremos portanto. O que o mundo nos dá? Matéria prima. Culpados do que nos acontece? Sem dúvida. Frutos inacabados de árvore gigantesca em fermentação acelerada. “Porquê tantos? Para quê tantos?”. Já o perguntei sem ter recebido medalha ou prémio pela acutilância. Mesmo fazendo quatro filhos numa pátria a apodrecer de velhice, também não tive incentivo por parte do poder. Paradoxos. E eu que o diga. Escrever até tem o seu interesse. Eleva-nos a omnisciência ao nível de viciados em palavras cruzadas. A arte já não precisa de ousar, tem apenas de escarrar, defecar e sangrar. O Mundo? Quem lhe carregou no botão do play? Podia começar agora mesmo um poema. Foda-se, um poema! Mas já não tenho vinho. Um reino frágil este. Sem adega. Triste portanto e limitado. Posso ainda tropeçar nos dois posts anteriores e dar como consumada a resposta aos seus comentadores. Amanhã estou de folga. Posso conduzir a 200km na via do infante ou fumar cigarros escondido num canto dum restaurante. Posso até disfarçar-me de cigano e vender livros de reclamações contra a ASAE nas feiras disponíveis Mas já não me dá gozo. Tornei-me responsável sem sabor, emoção ou ideal. Já não sei rir e desaprendi a ideia de chorar. E agora, que o vinho acabou, vou fazer zapping na TV para ver se vos encontro a todos por lá... Vai ser uma boa festa!





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