28.6.08
MINIMAIS SAZONAIS
Considerando que o Verão não é dado a grandes reflexões, remeto-vos algumas breves futilidades, muito embora sejam de um calibre sofisticado. Preferível sempre acompanhar a leitura com um gin-tónico. Existam como quiserem e não me chateiem com esse facto. Sejam lindos!
A raiva contida nos meus dentes de prótese perante a fragilidade do teu clitóris. Pudesse eu trincar-te a alma... Esse teu espírito de louva-a-deus em suor e contracção muscular. A carne é fraca mas o exercício promete ser divino e robusto. Para todos os efeitos terei que me antecipar em êxtase neste processo de pequena morte. Casualmente poderei liquidar-te após o orgasmo pois não vislumbro em ti utilidade posterior. Ah! o amor moderno.
Hoje mesmo telefonarei para o Vaticano para saber se ainda há alguma vaga para me candidatar a diabo. Que raio, um homem que se preze deve ter um cargo à sua altura.
Marcolina Virginal não tinha aspirações fálicas. Conheceu um dia um corneto e pasmou-se até à exaustão mandibular. Ele por seu lado obviamente derreteu-se. Toda esta tragédia consumou-se na praia do meco. Margarida Rebelo Pinto promete desenvolver o tema no seu próximo romance.
Andava tão circunspecto e pensativo, com o pleno propósito de atingir o graal da existência, quando tropeçou nele um grunho local. Deixou-se automaticamente dessas actividades transcendentais depois de concluir que afinal a merda é que não tem limites.
São precisamente os teus precisos cinquenta quilos em piruetas irregulares e desprevenidamente evoluindo em perfeito surreal e com imensa leveza, que me suscitam as mais nobres funções da minha existência. Como se pode ser primário perante tal cenário?
Vou suicidar-me de pronto agora mesmo, com todo o stress e urgência. Há que aproveitar bem o tempo nos tempos actuais. Amanhã tenho tanto que fazer.
Arre palermóide apreensivo com a descoberta da existência de um triângulo amoroso na tua vida. Soubesses tu os oxígonos amorosos de alguns. Há gente que é limitada até na geometria do amor.
Sua eminência parda soluçava e esbracejava, triste destino o da impotência. A amante em repouso sobre a otomana bocejou de tédio. O serviçal com a cabeça enfiada na sua saia tinha já um formigueiro na língua. Como podem constatar, a vida não é fácil para ninguém.
Pode-se até não saber o que se anda a fazer mas deve-se ter sempre um ar decidido.