2.1.09

 
Absolvições II
Detesto o povo em movimento, no seu movimento perpétuo de foder devagarinho, mesquinho e quotidiano, porque mais não sabe. Depois de muita reflexão e alguns anos de vida, foi só isso que me ficou. Sózinho e perfeitamente convencido. E quem é o porta-voz do povo que me contradiga? Detesto afirmações minimais de sobrevivência. O gato que me aparece no restaurante já me aborrece. A minha estética não suporta fracassados nem fedorentos de sucesso. Ambos constantes da mesma equação. Necessário é saber sempre. Ter a certeza depois disso. Limpidez no sentir. Argúcia no descobrir. Tesão de facto. Facto do ser tesão. Inovação dentro do penico que nos dão. Rasgar por vezes de alma para que a consciência vá mais longe. Irromper de um estado de dor para a anestesia da liberdade. Estava há muito tempo a acumular dúvidas. Já não existem. Talvez por isso respeite tanto os ignorantes determinados, com sucesso muito embora ilegal, dos meus pretensos inimigos. Porque brutais, porque decididos, porque irreverentes, porque prontos a pagar a factura do que são. Soubessem os normais cidadãos a importância do preço da existência que cada um tem a pagar. Tudo tem de ter obediência a princípios fundamentais para se poder ter liberdade de acção.





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