30.1.08

 
A solidão é difícil de gerir. Precisamente porque não há mais ninguém para nos dizer onde foi o erro de cálculo...

29.1.08

 
Modernidade

Mais vale ser bronco, jovem e saudável, bem-parecido e cheio de sorte...

 
Parece que é uma espécie de fábrica de enchidos ad eternum

Parece que era uma espécie de bom negócio. Entrava-se para a TV e singrava-se por aí. Eram jovens, sonhadores e empreendedores. E como tal usavam a juventude, sonhavam e empreendiam. Podia continuar o pensamento pelas próximas 596 páginas previstas para o tema, editar o livro e fazer furor, mas não. Vou ficar por aqui, já aí mesmo e sem meias medidas. Pois... Parece que era uma espécie de boa filosofia. Ficar por aqui e comentar coisa pouca. Entrava-se na vida e fazia-se por aí fora. Eram jovens e mais velhos, críticos e comentadores. E como tal usavam a sua idade, criticavam e comentavam. Faziam blogues e outras coisas, não adiantavam nada mas retiam o poder da crítica. Parece, contudo, que era uma espécie de nação. Entrava-se para a pátria com desejos de grande consumo e voava-se mais alto que o permitido. Eram de todas as idades, deliravam e caíam. Podia continuar a tese pelos próximos cinco volumes, mas nem pouco mais ou menos. Parece que era uma espécie em vias de extinção...

23.1.08

 
Escrito por Eça de Qeiroz, já lá vão 140 anos, o tempo passa, as personagens morrem e renovam-se, o país não muda...

Em Portugal não há ciência de governar nem há ciência de organizar oposição. Falta igualmente a aptidão, e o engenho, e o bom senso, e a moralidade, nestes dois factos que constituem o movimento político das nações.
A ciência de governar é neste país uma habilidade, uma rotina de acaso, diversamente influenciada pela paixão, pela inveja, pela intriga, pela vaidade, pela frivolidade e pelo interesse.
A política é uma arma, em todos os pontos revolta pelas vontades contraditórias; ali dominam as más paixões; ali luta-se pela avidez do ganho ou pelo gozo da vaidade; ali há a postergação dos princípios e o desprezo dos sentimentos; ali há a abdicação de tudo o que o homem tem na alma de nobre, de generoso, de grande, de racional e de justo; em volta daquela arena enxameiam os aventureiros inteligentes, os grandes vaidosos, os especuladores ásperos; há a tristeza e a miséria; dentro há a corrupção, o patrono, o privilégio. A refrega é dura; combate-se, atraiçoa-se, brada-se, foge-se, destrói-se, corrompe-se. Todos os desperdícios, todas as violências, todas as indignidades se entrechocam ali com dor e com raiva.
À escalada sobem todos os homens inteligentes, nervosos, ambiciosos (...) todos querem penetrar na arena, ambiciosos dos espectáculos cortesãos, ávidos de consideração e de dinheiro, insaciáveis dos gozos da vaidade.

21.1.08

 
A DIFICULDADE DE GOVERNAR

Todos os dias os ministros dizem ao povo
Como é difícil governar. Sem os ministros
O trigo cresceria para baixo em vez de crescer para cima.
Nem um pedaço de carvão sairia das minas
Se o chanceler não fosse tão inteligente. Sem o ministro da Propaganda
Mais nenhuma mulher poderia ficar grávida. Sem o ministro da Guerra
Nunca mais haveria guerra. E atrever-se ia a nascer o sol
Sem a autorização do Führer?
Não é nada provável e se o fosse
Ele nasceria por certo fora do lugar.

E também difícil, ao que nos é dito,
Dirigir uma fábrica. Sem o patrão
As paredes cairiam e as máquinas encher-se-iam de ferrugem.
Se algures fizessem um arado
Ele nunca chegaria ao campo sem
As palavras avisadas do industrial aos camponeses: quem,
De outro modo, poderia falar-lhes na existência de arados? E que
Seria da propriedade rural sem o proprietário rural?
Não há dúvida nenhuma que se semearia centeio onde já havia batatas.

Se governar fosse fácil
Não havia necessidade de espíritos tão esclarecidos como o do Führer.
Se o operário soubesse usar a sua máquina
E se o camponês soubesse distinguir um campo de uma forma para tortas
Não haveria necessidade de patrões nem de proprietários.
E só porque toda a gente é tão estúpida
Que há necessidade de alguns tão inteligentes.

Ou será que
Governar só é assim tão difícil porque a exploração e a mentira
São coisas que custam a aprender?

Bertolt Brecht

 
RECOMECEMOS

Convém lembrar o que há para lembrar. Lembremo-nos portanto. Citei visualmente Eça (no blog SULturas) quanto ao governo de Santana Lopes. Erro meu, má fortuna. Em que é que Santana começava a mexer demais? Nos BCP actuais e outros que tais. Audacioso trajecto. Saga impossível pelos vistos. Imperdoável na altura, impensável para um já deveras planeado, pelos até congéneres, proscrito. Há razões de Estado em que o Estado não tem mão nem travão. Sabemos. Ignoramos contudo. E a ignorância salva-nos. Estou habituado. O povo que se eduque. Ou não, porque quem não sabe ser livre não merece qualquer benção e porque nada disso importa afinal. Estamos substituídos (quando não o estivemos?) por um profeta plenipotenciário. ASAEados e anestesiados com maioria flácida em delírio erecto. Uma sociedade civil que rasteja à espera de consensos de última hora com alinhavo de bom senso. Não foi isso Alcochete? Resta então sermos um peditório para uma pátria em desalinho. Subscreva a bem duma nação em definição disso mesmo e em demanda disto mesmo também...

15.1.08

 

Peter Hammill -

PERDOEM-ME A REPETIÇÃO YOUTUBESCA MAS OS VALORES SÃO ALTÍSSIMOS QUANDO O TALENTO O DITA E A AFIRMAÇÃO É ETERNA

Refugees

North was somewhere years ago and cold:
Ice locked the people's hearts and made them old.
South was birth to pleasant lands, but dry...
I walked the waters' depths and played my mind.

East was dawn, coming alive in the golden sun:
the winds came gently, several heads became one
in the summertime, though august people sneered;
we were at peace, and we cheered.

We walked along, sometimes hand in hand,
between the thin lines marking sea and sand;
smiling very peacefully,
we began to notice that we could be free,
and we moved together to the West.

West is where all days will someday end,
where the colours turn from grey to gold,
and you can be with the friends.
And light flakes the golden clouds above;
West is Mike and Susie,
West is where I love.

There we shall spend our final days of our lives,
tell the same old stories... yeah well, at least we tried.
So into the West, smiles on our faces, we'll go;
oh, yes, and our apologies to those
who'll never really know the way.

We're refugees, walking away from the life
that we've known and loved;
nothing to do nor say, nowhere to stay;
now we are alone.
We're refugees, carrying all we own
in brown bags, tied up with string;
nothing to think, it doesn't mean a thing,
but we can be happy on our own.
West is Mike and Susie,
West is Mike and Susie.
West is where I love,
West is refugees' home.


13.1.08

 

King Crimson - I Talk to the Wind

I've been always talking to the wind


10.1.08

 

Era já tarde
era já o dia findo
era já outra realidade
era o que nunca fora
e era-o sem dúvida

Fora tempo
fora dia inteiro
fora verdade por aí fora
fora o que nunca era
e fora-o sem sombra de dúvida

Será mais tempo
será dealbar imenso
será eternidade ou ocaso
será o que sempre será
e será sem autorização para o caso

6.1.08

 
Acerca de um libertino que passeou por Braga em todo o seu esplendor

Medito, ocorre-me por um instante a diferença das classes e fossos vários que as separam, do qual o maior não será o económico sendo o mais decisivo como maquilhagem das pessoas (explico: sem um tostão na algibeira, eu era tão pobre como um deles ou mais pobre ainda, mas o que nos separaria para sempre era aquela estranheza feita dos nossos tempos diferentes e de como cada qual os tínhamos gasto, eles ali como plantas, húmus, eu sempre por casas e terras e gentes afinal a mim alheias). Como lhes fazer compreender agora a minha vida, ou contá-la como novela ao serão, quem sou, quem fui, o que fiz, e onde tudo começou e em que capítulo ficámos na última noite e onde tudo irá acabar... Impossível saber e eles saberem-no, sofrer como eles sofreram ou eles sofrerem por mim as minhas dores passadas, gozar eu com as suas alegrias e nada, nada disto nos poderá ser comum.

Este robusto farol teimoso, incidindo na pasmaceira do nevoeiro lusitano, para quem o Mário Soares era amigo de 20 paus e que não hesitou em responder à pergunta idiota do jornalistazeco, sobre o que diria aos jovens escritores portugueses que estão a começar:
-Puta que os pariu!
Com toda a propriedade e legitimidade do então por sua definição “maior filho da puta vivo”.
Assim mesmo, Luiz Pacheco, até sempre…

This page is powered by Blogger. Isn't yours?

hits online