28.9.08

 

...e, no caso português, como reagir à sacana da recessão a caminho


 

Como encarar a crise financeira americana...


25.9.08

 
IMAGEM DUMA NOITE JÁ ANTIGA

É o cair da cinza do último cigarro, névoa nas imagens e melancolia no sentir e o bar ficar silente e vazio. Centenas de pessoas a pairarem onde já não estão. Algazarra de sentidos já inertes. Nevoeiro por fim na apreensão. Lá fora o sol nasce e o mundo parece-nos estar bem resolvido.

(para o Sérgio que já atravessou quase tantas como eu)

 
Sou uma doença rara da escrita. Vivo definhado por aí. Não quero cura. Existir assim, como cobaia virulenta apenas, basta-me para agudizar os sintomas. Ter espasmos no tratamento e retornar a esta pobre condição. Com o vosso assentimento teria o evoluir trágico do crónico e um final infeliz.

 
UM DIA DE PRODUÇÃO NA VIDA DE UM FUTURO ESCRITOR
ou auto-justificação para nunca ter acabado o curso

"...a realidade de que sofro nunca a imaginei."

 
AUTO-JUSTIFICAÇÃO PARA NUNCA TER ACABADO O CURSO
ou um dia de produção na vida de um futuro escritor

Para que me serviriam os debates académicos se dei comigo a debater-me sózinho?

21.9.08

 

Boris Vian - Je Bois

Je bois sistematiquement pour oublier
Les amis de ma femme
Je bois sistematiquement pour oublier
Tous mes emmerdements
Je bois n'importe quell jaja pourvu qu'il
Aie ses douze degrès cinq
Je bois la pire des vinasses
C'est degueulasse mais ça fait passer le temps

La vie est tel tellement marrante
La vie est tel tellement vivante
Je pose ces deux questions
L'amour vaut-il qu'on soit cocu
Je pose ces deux questions
Auxquelles personne ne reponds

Et je bois sistematiquement pour oublier
Le prochain jour tu terme
Je bois sistematiquement pour oublier
Que je n'ai plus vingt ans
Je bois dès que j'ai des loisirs pour être soul
Pour ne plus voir ma gueule
Je bois sans y prendre plaisir
Pour pas me dire qu'il faudrait-en finir


Pois cá para mim bebo pelos motivos expostos e pelos motivos não expostos também


19.9.08

 
Olhei definitivamente o retrato de meu pai
mas digo definitivo pelo seu olhar já ido
e no brilho do retrato apenas me disse
“sê agora que mais não te compete”...

13.9.08

 
Diagnosticado

Penso que seja deveras real esta gripe dos meus sentidos
ou catarse de espirros perante a realidade
de qualquer modo reacção conforme ao mundo e
Penso que seja apatia e preguiça esta mania em ficar de robe
ou higiénica táctica de retaliar às bactérias sociais que me circundam
de qualquer modo implosão conforme ao meu ser e
Penso que o ter fortuna daria agora imenso jeito
ou então o concretizar desta constipação em grande forma
de qualquer modo a ser uma baixa consentida para ter tempo de leitura
que há muito seria bem-vinda posto o impedimento do quotidiano e
Penso ainda que a depressão é uma fina invenção psiquiátrica
para que me deixe de pensar nestas coisas e ponha mãos à obra
de resto sem se saber muito bem qual a coisa a obrar doravante

Para mais penso que o sentido disto tudo
se dissolve quando me assoar energicamente

10.9.08

 
Mesmo que não conheças nem o mês nem o lugar
caminha para o mar pelo verão


Ruy Belo

2.9.08

 

Southern Man

Ontem tentei tocar esta coisa na minha viola mas obviamente não me soou bem. Hoje apeteceu-me rever a coisa genuína e única. E soa mesmo bem... I'm not a southern man


 
Eis por instantes a realidade refractada e inerte, ali, pouca coisa de momento, a atirar para o infinito depois de ser pouca coisa...
Eis, pois então, todos condensados e retratados a preceito. Ali. Neste ali, indiciaremos propósitos, almas, trajectos, construções de espírito, e essências dos mesmos. Eis-nos então ali. Já se viram? Ali, fracção de tempo indesejável. Única. Última e intemporal. Abencerragens de enredos únicos presos na radiografia geral de todos. Sociedade dizeis vós? Não. Misérias individuais somadas. Moscardos armados em humanos, deuses enganados na pretensão.

 
Sem grandes delongas, o que nos move não será nunca o que nos faz ficar. Ficar é tão humano como respirar. Mover é coisa estranha e quase diabólica.

1.9.08

 
Daqui a três dias tenho 47 anos

Demoro tempo a chegar ao teclado. Perdem-se coisas eu sei. Pensa-se saber tudo e poder sempre em qualquer momento deitar esse tudo cá para fora. Mas isto não é a lei do saber andar de bicicleta. É a sacana da mania do já sei muito. E sabe-se. É bem verdade. E esquece-se. E sabe-se outra vez. E esquece-se tudo de repente. Esvazia-se mais facilmente que se acumula. Fica nada. Resta por vezes esse mesmo tudo, ainda em dose menor e sem cânone. Abençoados os contemplados com o método para edificar ou rotular catalogando. Do que eu vinha falar? Ideias claras e emergentes dum jantar claro e emergente à borda de água. Portugal em geral, o povinho em particular e a puta da arte de segunda com palermas de terceira que especificamente proliferam particularmente no atraso mental deste país concretamente. Mas já me esqueci, é claro...

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